Lembro-me de chegares a casa não com um, mas com 2 cubos de Rubik.
Lembro-me do entusiasmo quando te sentaste no sofá e tiraste tempo para entender cada 'move' dos 2 cubos.
Lembro-me de te ver a pesquisar para entenderes a lógica e a mecânica do cubo.
Houve um dia que resolvias de olhos fechados, nao um, mas os dois cubos.
Resolvias depois em tempo limite porque precisavas de incluir outra variável para se tornar interessante.
Resolvias depois em tempo limite, quase atrás das costas se fosse preciso.
E ás vezes ainda brincas com eles, mas de certa forma, perdeu-se um pouco o encanto inicial.
Apenas tocas neles para não os esqueceres, para manteres vivo o momento mágico de 'Fuck Yeah!' I still can do it.''
Brincas, não com a necessidade e preocupação de o entenderes e de o resolver, mas pela necessidade de te divertir e de te ocupar a ti mesmo.
Simples. não é?
Para mim vais ser sempre um cubo de Rubik que posso tentar todos os dias e por mais que me esforce, se calhar vou conseguir juntar uma face de uma cor, e quando eu me esforçar por juntar uma outra face, já perdi a primeira fileira de cor que juntei,
Nao posso dizer que é impossivel, mas de facto, consigo fascinar-me pela minha própria incapacidade de não resolver o cubo.
Consigo apegar-me à ideia do desafio que seria eu conseguir resolvê-lo.
Tudo o que não percebes, cativa-te.
Tudo o que não te desafia perde o encanto.
Tudo o que persegues torna-se previsivel.
Todos os dias, eu seria capaz de rodá-lo, analisá-lo, e procurar brincar com ele ainda para o entender e para me ajudar a pensar ... que eu sou inteligente o suficiente para o conseguir.
O facto de não o conseguir resolver prende-me e faz-me sempre lembrar que ... ''Fogo? Como é que eu nao resolvo isto?''
Sim. Traz-me um sentimento de impotência, frustração e ao mesmo tempo de fascínio.
Nao entendi o cubo, mas entendi o porquê de eu nao conseguir desligar do cubo.
Entendi também o porquê de não correres mais atrás dos cubos todos os dias.
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