Se pensarmos que a vida é
triste e deprimente todos os dias, a vida fica mais pesada, mais difícil, menos
tolerável, menos apetecível.
Todos dizem que o bom da
vida é valorizar as coisas pequenas, e, acrescentam que se formos agradecidos a
nossa perspetiva muda sobre as coisas da vida.
Muitos dizem-me que estas
teorias cor-de-rosa, não passam de teorias cor-de-rosa, mas decidi fazer um
exercício com o dia de hoje.
Ontem deitei-me numa cama
fresca, com lençóis lavados e soube-me bem aninhar-me na minha cama, no meu
próprio espaço silencioso, seguro, confortável.
Agradeço á minha mãe pela
ajuda doméstica que me dá com os lençóis porque não tenho um sítio arejado para
os secar e sabe-me bem saber que ela no meio de tantos afazeres, ainda consiga
tirar um pedacinho para cuidar de mim.
Hoje é domingo, acordei
cedo e sol estava radiante. Tive aquela sensação boa de abrir a janela do
quarto e pensar que posso ir aproveitar relaxada até a beira-mar.
Pego na minha Vespa, sinto
o vento a tocar-me no cabelo e na cara.
Acelero e sorrio porque o
simples andar de mota traz uma disposição incrível a quem aprecia uma dose
mediana de adrenalina.
Escolho um spot para ficar deitada a apanhar sol,
apesar da nortada da praia, a esplanada tem um colchãozinho top que posso
deitar-me, beber um sumo de laranja natural, ler o meu livro e cochilar entre
uma linha de palavras, um travo no sumo, umas mensagens das amigas e amigos e
dois ou três respirar-fundos.
Volto para casa, e a casa está
refrescada, vejo-me ao espelho e sorrio por uns instantes por me sentir bem
comigo, com o meu espaço, com o meu corpo com a minha cabeça.
Ponho uma música a tocar e
volto a deitar-me por cima dos lençóis e da cama feita e deixo-me invadir pelo
cansaço uns minutos enquanto toca a minha musica favorita.
Listo mentalmente as
responsabilidades restantes do dia: tenho um avião para apanhar apesar de ser
Domingo, tenho que ir trabalhar e tenho que por em dia o trabalho pendente da
semana passada e a reunião que se avizinha.
Tenho um restinho de
energia a palpitar e que me diz ‘’vais conseguir’’, ‘’tens de conseguir’’.
Desta vez não precisei de ninguém que me dissesse ‘’força’’, consigo ouvi-la
dentro de mim sozinha.
Posso agradecer aos que à
sua maneira me fazem rir todos os dias e que me fazem ver o meu valor.
Posso agradecer a mim por
não ter desistido e por no final continuar disposta a tentar, às vezes com a
energia nos mínimos mas ao mesmo tempo com esperança de que o dia de amanhã vai
ser melhor e que isso só depende de mim.
Tenho saúde, tenho
princípios, tenho vitalidade, tenho uma vida boa.
Nem sempre vejo isso, mas
hoje vi.
Considero que não posso
deixar ninguém que me estrague este pensamento simples e bom… a vida é boa e só
depende de mim ver isso todos os dias, seja num agradecimento, seja numa coisa
pequenina como começar o dia com um ‘’Bom dia’’ e com um sorriso.
Não vou deixar que ninguém
me faça acreditar do contrário, e talvez tenha demorado algum tempo a
visualizar que a vida é boa, em especial a minha porque finalmente não tenho
‘’medo’’ de o assumir e verbalizar em voz alta e antes tinha …
E no fundo também já não
sei porque é que tinha medo, perdi os argumentos sobre a razão do medo, e
ganhei umas boas dicas para continuar sintonizada neste feeling que a vida é boa, especialmente a minha – that’s it!